sábado, janeiro 19, 2008

Para quê a Wikipédia??

Sim, é a pergunta que me faço depois de constatar o mundo dos telejornais novelescos de hoje, deste nosso Portugalinho. É uma realidade cada vez mais evidente e generalizada que as notícias trazidas até nós nos ecrãs de TV são simplesmente cruciais, fundamentais e profundas. Ninguém poderá discutir a importância para o país, que este descubra que na vila de Rebarbados de Cima existe um padre que faz os casamentos de calções e o que os seus habitantes e consequente rebanho de seguidores católicos acha disso. Será inegável que este país precisa saber que Zé Cebolas lançou foguetes lá na festa da aldeia e que por azar pegou fogo às colchas de linho bordadas à mão de Dona Lisete. E é fundamental que a repórter esteja in loco, para ouvir testemunhas e fazer jus à regra do onde, quando, como, porquê, como esmerada profissional do jornalismo. E isso eu até suporto, a sério. Não é aliás pior nem menos cativante que qualquer intervenção política de um qualquer político de um qualquer partido (a não ser claro, se for do Paulo Portas, porque aí, há que admitir, aquele bronzeado caribenho-carcavelense é irresistível, independente/ das bacouradas que diga...). Agora, o que me faz verdadeira espécie, é o fenómeno que ocorre nos dias de hoje e que alastra a olhos vistos. E se ainda não viram, eu explico com exemplos e factos reais. Há uns tempos explodiu um prédio em Setúbal, grande drama, é um facto. Os últimos andares do edifício foram pró maneta, infelizmente não houve vítimas, para animar um bocadito a coisa e fazer render o peixe num tom choroso e num sofrido lamento. Mas meus amigos, aqui surge a questão. Não há vítimas mas há técnicos, há especialistas e cientistas, há a malta dos bombeiros e da protecção civil. E temos o circo armado. O clímax atingi-o eu juntamente com a novela, no dia em que numa certa hora, vejo o Sr. Dr. ENGENHEIRO Técnico Especialista do LNEC (que pelos vistos é a única instituição credível em Portugal, deve estar já à frente da própria igreja católica e até mesmo do Avelino Ferreira Torres...), em frente de um quadro com os mapas e os esquemas da estrutura do famigerado caixote de betão, de apontador em punho, dissertando para a assistência de jornalistas, explicando em directo, para todo o país, o mais ínfimo detalhe de como funciona a orgânica dos edifícios, o que se tinha feito para conter a estrutura, que tipo de barras usadas, a distância que devem distar as ditas barras, para que tudo se mantenha estável, como seria o inicio da reestruturação dos andares, quais os materiais, o seguimento das etapas, e lá ia ele, traçando linhas, apontando caminhos, espraiando toda a sua sapiência naquele espectáculo digno de uma aula de faculdade de engenharia, Estruturas de Betão e Derivados Polimerizados II ou Hidráulica Estética Faseada Aplicada aos Meios de Comunicação. Meus caros, é um curso por tv, não percebem o potencial disto, o velho ensino à distância, a telescola ... Espantoso! Só fiquei com uma dúvida na percentagem de areia que deve ter a argamassa, para que fique tesa como uma barra de ferro. Mas pronto, lá terá de ficar pra próxima ponte que caia ou algo assim... (E por agora, fico-me por aqui, esperem pelos próximos capítulos que o post já vai cuumprido.. E assim como assim, este blog sempre vai aprendendo umas coisitas com as novelas telejornalísticas)

2 comentários:

Gil disse...

Caríssimo,

Creio que o "Bem Aventurado" é formado em Engenharia mas do Ambiente. Talvez não. Mas acho que sim. Sugiro que substituas Estruturas de Betão e Derivados Polimerizados II por Estabelecimento de Estruturas de Composto e Derivados de Esterco a Organizações Executivas I ou Estabelecimento de Corredores Rosa entre Habitats de Corrupção Protegida...
Vamos a ter mais tino e precisão quando se fala do nosso Bem Aventurado.

nuno disse...

wikipédia, a forma mais rápida de obter informação errada.