O dia em que as máquinas deixaram de dar "apenas" dinheiro...
E se de vez em quando, para variar, no nosso constante e rotineiro frio contacto com máquinas, para recebermos dinheiro, talões, bebidas, comida, tabaco, preservativos, filmes, de repente, nos apetecesse tirar um livrinho desta menina? Hã, que tal? Gostei... É como uma pequena humanização destas coisas, um toque de poesia na nossa mecânica e gasolineira vida, um "assim acontece", qual Ode triunfal tão bem invocada! Se quiserem, já sabem, mudem-se para a Batalha... E podem começar assim, claro:
"...Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas... "
Ode Triunfal, Álvaro de Campos
2 comentários:
TU é que és um poeta! quando é que nos vemos? bjs
Ó filha, quando quiseres... Estou à espera da tua visita aqui por Lisboa! Aparece. Mesmo. Arranja uma máquina que te traga... Beijo grande
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